terça-feira, 13 de abril de 2010

Ao rever o meu dia, tentava procurar alguma coisa para partilhar, algo que hoje me tivesse conduzido a tocar a novidade e a alegria de Deus. Depressa percebi que, se pretendia encontrar momentos ou situações extraordinárias, não teria êxito neste empreendimento. Há dias ordinários, aborrecidamente vulgares, nos quais a rotina sobreposta aos pequenos caprichos não satisfeitos quase obscurecem a presença escondida de Deus no âmago da vida e do mundo. Hoje, foi um desses dias...

No entanto, permanecem em mim, com uma força especial, duas perguntas que, em diferentes momentos, escutei e assumi para mim. Partilho-as na ordem inversa à qual as escutei:

- O queremos saber?
[A pergunta de um homem da História].

- O que devemos ser?
[A pergunta de um crente ao serviço da comunidade e da comunhão].

De certo modo, a resposta da segunda questão encontra-se partindo da resposta da primeira. Aquele que adere ao desafio de escavar, remexer, reencontrar-se e redescobrir a própria história não encontrará soluções prontas a usar para enfrentrar o presente e o futuro. Ao perguntar-se o que quer saber, deparar-se-á com as opções assumidas num tempo mais ou menos remoto e que condicionaram com maior ou menor alcance o tempo presente. Da consciência clara destas opções que ultrapassam os limites do momento e configuram, à sua maneira, a história vivida por cada um, pode nascer a resposta à interrogação sobre o que devemos ser. Porque Deus não se coloca no futuro, como meta ou fim, mas faz-se a Si mesmo advento que flui da eternidade para o tempo, o discernimento da vida à luz da sua Palavra faz brilhar uma nova luz sobre o caminho que somos chamados a percorrer. 

Percebi que este caminho é, sem dúvida, um caminho que passa necessariamente pela cultura, porque a cultura humaniza. Na medida em que a cultura na qual estamos enxertados for humanizante, daremos a Deus a oportunidade de nos divinizar, de nos oferecer o dom de sermos semelhantes a Ele. A resposta ao que devo ser terei que ser eu a dá-la, nas opções diárias que, pouco a pouco, far-me-ão nascer de novo para chegar a ser aquilo que Deus é.

"Em verdade, em verdade te digo:
quem não nascer da água e do Espírito
não pode entrar no Reino de Deus.
Aquilo que nasce da carne é carne,
e aquilo que nasce do Espírito é espírito.
Não te admires por Eu te ter dito: 'Vós tendes de nascer do Alto.'
O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz,
mas não sabes de onde vem nem para onde vai.
Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito."
[Jo 3, 5-8]

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