sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

«De variados modos e repetidamente, Deus tem de nos impelir e dar uma mão para podermos sair da enrodilhada dos nossos pensamentos e ocupações e encontrar o caminho para Ele. Mas há um caminho para todos. Para todos, o Senhor estabelece sinais adequados a cada um. Chama-nos a todos, para que nos seja possível também dizer: Levantemo-nos, «atravessemos», vamos a Belém, até junto d’Aquele Deus que veio ao nosso encontro. Sim, Deus encaminhou-Se para nós. Sozinhos, não poderíamos chegar até Ele. O caminho supera as nossas forças. Mas Deus desceu. Vem ao nosso encontro. Percorreu a parte mais longa do caminho. Agora pede-nos: Vinde e vede quanto vos amo. Vinde e vede que Eu estou aqui. (...) Atravessemos para o outro lado! Ultrapassemo-nos a nós mesmos! Façamo-nos viandantes rumo a Deus dos mais variados modos: sentindo-nos interiormente a caminho para Ele; mas também em caminhos muito concretos, como na Liturgia da Igreja, no serviço do próximo onde Cristo me espera.»
Bento XVI, Homilia da Missa da Meia Noite, 24/12/2009



Meu Jesus menino, tardo em aprender a olhar-te na pobreza de Belém... Aí, onde se revela a beleza de um Deus entregue e repartido por aqueles a quem ama como filhos, onde permaneces como sinal da loucura do Deus apaixonado pelos homens e mulheres de todos os tempos. Não é fácil levantar-me e pôr-me a caminho para Te encontrar: o teu amor humilde confunde o meu egoísmo e a tua presença próxima interpela insistentemente a minha dispersão. Fujo constatemente de Ti. Icomodas o meu confortável e inconsciente jeito de sentir, pensar e viver; interrogas a superficialidade e o interesse com que me aproximo daqueles que em Ti são irmãos meus. Hoje, chega até ao meu coração a tua voz terna que repete suavemente o que outrora gritaste ao entregar-nos o Espírito: «tenho sede!»... Em Ti, Deus Menino, descubro já uma sede de amor, de dom e acolhimento, de verdade, uma sede presente no pobre, no faminto, no injustiçado, nos corações humildes e puros. De Ti escuto um apelo urgente a levar-lhes a Boa Notícia do Reino, a anunciar-lhes o Deus da vida e da compaixão, a edificar uma Igreja mais próxima, mais terna, mais acolhedora.

É Natal... Tu, meu Deus, agora tens um Corpo! Agora faz sentido... "Isto é o Meu Corpo", pronunciado sobre nós, sobre a nossa carne, sobre a nossa humanidade. Não posso não escutar, não deixar-me tornar Teu Corpo, para ser entregue, repartido para alimentar muitos. Sobre o altar do mundo deixo a fragilidade do meu egoísmo e a pequenez dos meus projectos efémeros: são estes os dons que ofereço com a tua Humanidade. Derrama o teu Espírito e que estes dons se convertam para todos teu Corpo e Sangue, a tua Vida plena e transfigurante. Vem e que, em mim, a tua Palavra se torne presença, encontro e vida, em tua memória, em memória do teu amor levado até ao fim...

____________________________________________
A todos os que aqui rezam e acolhem a presença do Deus feito Homem, desejo um Santo Natal...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009



Maria...
«Torna-nos semelhantes a Ti
e ensina-nos a caminhar na vida como Tu:
forte e digna,
simples e bondosa,
irradiando amor, paz e alegria.
Em nós percorre o nosso tempo,
prepara-o para Cristo...»
Pe. Kentnich

sábado, 5 de dezembro de 2009

Agora, Ele vem...



Pai Santo, Deus fiel e misericordioso,
princípio e fim de todas as coisas,
é verdadeiramente nosso dever dar-Te graças
e cantar-Te um hino de bênção e de louvor.
Tu nos escondeste o dia e a hora,
em que Jesus Cristo, Teu Filho,
Senhor e juiz da história,
aparecerá sobre as nuvens do céu,
revestido de esplendor e majestade.
Nesse dia tremendo e glorioso,
passará o mundo presente
e aparecerão os novos céus e a nova terra.

Agora Ele vem ao nosso encontro,
em cada homem e em cada tempo,
para que O recebamos na fé e na caridade
e dêmos testemunho da gloriosa esperança do seu Reino...


Prefácio do Advento I/A

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009



«Muitos deixam de se fazer cristãos nestas terras, por não haver quem se ocupe de tão santas obras. Muitas vezes me vem ao pensamento ir aos colégios da Europa, levantando a voz como homem que perdeu o juízo e, principalmente, à Universidade de Paris, falando na Sorbona aos que têm mais letras que vontade para se disporem a frutificar com elas. Quantas almas deixam de ir à glória e vão ao inferno por negligência deles! E, se assim como vão estudando as letras, estudassem a conta que Deus Nosso Senhor lhes pedirá delas e do talento que lhes deu, muitos se moveriam a procurar, por meio dos Exercícios Espirituais, conhecer e sentir dentro de suas almas a vontade divina, conformando-se mais com ela do que com suas próprias afeições, dizendo: «Senhor, eis-me aqui; que quereis que eu faça? Mandai-me para onde quiserdes; e se for preciso, até mesmo para a Índia».

Das cartas de Francisco Xavier a Inácio de Loiola