segunda-feira, 10 de agosto de 2009


Abro os braços.
Tranquilo, espero...
Com a pureza de uma criança,
esboço um sorriso,
embora o meu olhar ainda não Te alcance...

Confio.
Sei que corres para mim.
Sei que me desejas.
Acima de tudo,
sei-me amado,
hoje e para sempre,
até ao fim e para além dele.

Chegas.
Como a onda que, ternamente,
beija a praia,
vens e, subitamente,
sei-me capaz de amar,
de uma forma que me ultrapassa,
porque o Amor és Tu...

Permaneces.
Dás-Te todo.
Acolhes-me todo.
Na liberdade das minhas decisões,
divinizas o homem que sou.
Pelas minhas mãos,
pobres e frágeis,
queres oferecer-Te,
dar, a todos, a Tua vida...

"Mais, mais, mais"...
Não posso deixar de dizê-lo,
com Francisco Xavier,
sonhando acordado,
ao desejar ser capaz de amar,
sem nunca ceder
ao cansaço e ao desânimo.
Consome o egoísmo.
Consuma o amor.
Faz-me, inteiramente,
dom e acolhimento...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Troquemos o instante pelo eterno.
Sigamos o caminho de Jesus.
A primavera vem depois do inverno;
A alegria virá depois da Cruz.


Passa o tempo e, com ele, as nossas vidas;
Tal como passa o bem, passa a desgraça.
Passam todas as coisas conhecidas...
Só o Nome de Deus é que não passa.


Farei da fé, vivida cada dia,
A luz interior que me conduz
À luz de Deus, da paz e da alegria,
À luz da glória eterna, à Luz da Luz.

Hino da Liturgia das Horas

O tempo de férias é propício a revisitarmos o santuário interior e profundo, no qual Deus faz morada em nós... Aí, imersos na paz de quem se sabe habitado por Deus, podemos lançar um olhar renovado sobre o caminho percorrido até aqui e discernir até onde estivemos dispostos a seguir, com radicalidade, o Evangelho que o Senhor confiou à nossa fragilidade.

Aqui, junto do mar que sempre me recorda a vastidão do amor de Deus e a minha pequenez diante d'Ele, trago à memória os encontros e desencontros, os lugares e os momentos, os anseios, angústias e esperanças do último ano. Talvez venha a recordá-lo como o grande deserto, até ao qual Deus nos seduz para nos falar, no silêncio, ao coração; talvez eu não tenha sabido reconhecê-lo a tempo de escutar e aprender de Deus a ser verdadeiro e humilde, puro e corajoso; talvez tenha esquecido a força que sempre me impeliu a caminhar: a capacidade de sonhar...

Contudo, sou, na força e na dinâmica do Espírito de Cristo, um consagrado ao Senhor e, por isso mesmo, sou continuamente chamado a acolher, com disponibilidade e alegria, o dom de Deus e a procurá-l'O na Igreja, no mundo, naqueles que Deus me confiou como irmãos. Hoje, sei que, ao atravessar o deserto, o Senhor quis que eu me soubesse frágil e pobre, quis dizer-me que não sou mais que ninguém e que não devo gastar-me a tentar ser aquilo que os outros esperam de mim... Não, conhecendo o meu nada, sou convidado a confiar totalmente n'Aquele que, em mim, pode fazer muito mais do que espero ou procuro. É este Deus que me estende a mão, porque está pronto a desposar-me na fé e no amor, se me disposer a ser todo d'Ele...

Na paz que a noite traz ao meu coração, peço-Lhe que renove em mim a capacidade de sonhar, de ver o mundo e os que me rodeiam com a ternura e a misericórdia do Evangelho, dispondo-me a ser um sinal do seu amor e a caminhar como um peregrino na História, de olhar fixo na única pátria que possuo, o Coração de Deus...