domingo, 18 de outubro de 2009

«Desafias-me. Lutas comigo. Vens e desinstalas-me, rompendo as amarras que ainda não me deixam ser fecundo, quebrando o orgulho que não me deixa viver na verdade, destruindo os muros protectores que ergui contra Ti, desmascarando-me das personagens que assumo, no desejo profundo de ser aceite, reconhecido e amado. Mas és Tu, meu Jesus Crucificado e Ressuscitado, Deus de vida e compaixão, o único capaz de saciar-me, o único de quem posso beber eternamente o amor, num desejo que nunca se extingue, mas que conduz à verdadeira alegria... A alegria da festa das Tuas bodas com a Humanidade, da Tua ceia nupcial comigo, quando formos Um só, no amor...
Faz-me compreender isto, meu Irmão Amado, e abre o meu entendimento, a minha memória e a minha vontade à certeza de que chegarei a ser Um conTigo se colocar a minha inteira liberdade na resposta ao Teu apelo: "Não tenhas medo; de futuro, serás pescador de homens." (Lc 5, 10)»

Vila Viçosa, 17 de Outubro de 2009

domingo, 4 de outubro de 2009

"Seguir-Te-ei para onde quer que fores"...

Senhor Jesus, Tu me envias, de aldeia em aldeia, a anunciar o Evangelho do Reino, a acolher e a curar as feridas daqueles que pões no meu caminho e revelas-me como esse caminho, nunca isento de perigos e dificuldades, conduz à vida plena, pois realiza-se no seguimento comprometido dos teus passos.

... Convidas-me a não levar nada para o caminho, sabendo que tantas vezes não sei confiar em Ti o suficiente para deixar as minhas seguranças de lado.
... Envias-me a anunciar o Evangelho, a curar e reconciliar os homens e mulheres do meu tempo, conhecendo a minha fragilidade na vivência da tua Boa Nova e as feridas que, em mim, ainda não deixei que curasses.
... Pedes-me que eu mesmo dê de comer àqueles que, à minha voltam, andam famintos de amor e de vida e sedentos de Ti, sendo eu um mendigo da tua misericória, que não possuo senão os dons que de Ti recebi.
... Bates à minha porta e perguntas-me quem digo eu que Tu és, embora eu não saiba abrir-te o meu coração e acolher a tua presença, aquilo que és, o meu Salvador e o meu Deus.
... Apelas a que eu seja o mais pequeno entre os irmãos, quando o espaço que dou ao meu egoísmo é tão grande, que, por vezes, não tens lugar onde habitar em mim.
... Deixas como meta da opção por Ti o caminho da cruz, e, tantas vezes, vês como me escondo nas minhas inseguranças e no mundo construído à minha imagem, com medo do sofrimento e das tribulações, que o permanecer no amor pode trazer-me.
... Dizes-me que "quem olha para trás, depois de deitar a mão ao arado, não está apto para o Reino de Deus", Tu que sabes bem como me deixo prender pela nostalgia, pela tristeza, pela satisfação imediata, pelo que tenho e fico paralisado no caminho, sem deixar que me leves para onde queres.

Nada mais posso fazer, meu Jesus, senão entregar-me com confiança nas tuas mãos, sabendo que, se me escolheste para Ti, me darás a graça para corresponder ao teu dom. No teu Espírito, ensina-me a confiar no teu amor, a acolher com alegria os dons que colocas nas minhas mãos, a deixar-Te curar as feridas do meu coração, a procurar conhecer-te na Verdade, a ser humilde servo dos irmãos e do Reino, a abraçar a cruz com que alcançarei a Ressurreição, a viver na liberdade e no desprendimento, fazendo de Ti o centro da minha vida.

Só quero que vivas em mim e derrames, com abundância, no meu coração o Espírito que dá a vida e realiza a vontade do Pai, para me tornar servo pobre, casto e obdiente do Evangelho e lugar de encontro entre Ti e os homens e mulheres, meus irmãos...

Leiria, 10 de Dezembro de 2008

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Viver de Amor!



"Viver de amor, não é, cá nesta terra,
fixar morada no cimo do Tabor;
é, com Jesus, subir ao Calvário,
é amar a Cruz com todo o ardor.
No Céu, então, viverei só de gozo,
já não terei angústias nem dor:
Agora quero, num sofrer doloroso:
Viver de amor! Viver de amor!

Viver de amor é dar sem medida,
sem o salário querer reclamar;
dou sem contar, e bem convencida,
nada recusa quem sabe amar.
Amor Divino! Ó Fornalha acesa,
tudo Te dei! Corro com ardor...
Eu já não tenho mais que esta riqueza:
Viver de amor! Viver de amor!

Viver de amor, que estranha loucura!
Diz-me o mundo: cessa de cantar;
inutilmente, não percas a vida,
os teu perfumes sem deles gozar!
Amar Jesus, que perda fecunda!
Os meus perfumes são p'ra Ti, Senhor.
Quero cantar ao sair deste mundo:
Morro de amor! Morro de amor!..."

S. Teresa do Menino Jesus