"Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca minhas mãos ficam vazias."
"Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas de amor se eternizassem."
Sophia de Mello Breyner Andresen
O tempo vai passando por mim e sinto paz; não uma paz livre de tensões e combates interiores, mas uma paz trazida pela certeza que vou caminhando na esperança de uma felicidade que me ultrapassa e está para além dos meus limites, mas que é fruto da promessa de um Deus que me ama. Desta vez o dia dos meus 19 anos foi diferente de qualquer outro aniversário no passado, radicalmente diferente. As pessoas que, no coração, trago mais perto do lugar de Deus, porque as amo, chegaram-me apenas pelo som alegre e ternurento das suas vozes, trazidas por meio de um telemóvel. A distância, que vivi e sofri nos últimos tempos ao pensar naquele dia, foi destronada por uma imensa paz, por uma certeza confiante de estar no lugar certo e pela consciência de que aqueles de quem senti a falta estão verdadeiramente presentes na minha escolha, nos meus gestos, na minha vida porque ajudaram a construir e a crescer aquilo que, hoje, sou. Ficou a presença, o conforto e o esforço dos colegas e amigos da Comunidade do Seminário que, como lhes disse, tornaram o meu dia uma oportunidade de celebrar a nossa história com Deus, a vida que resulta das maravilhas que faz por amor.