«Ao encontrar o amor de Deus em Cristo, o homem não experimenta apenas o que é verdadeiramente o amor; experimenta ao mesmo tempo de modo irrefutável que ele, o pecador e o egoísta, não tem verdadeiro amor. Experimenta duas coisas numa só: a finitude criatural do amor e o seu empedernimento culpável.
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Mas a partir desta "pré-compreensão" [do que é o amor] ele não chega, sem uma conversão radical, ao reconhecimento deste sinal: conversação do coração que, na presença deste amor, deve confessar que ainda nunca amou; mas conversão também do pensamento que, nesta situação, deve reaprender o que é simplesmente o amor.
[...]
Diante do Crucificado, torna-se manifesto o egoísmo profundo, inclusive, daquilo que nos habituámos a designar como amor; interpelados com seriedade suprema, dizemos não onde Cristo disse sim por amor; e, despreocupadamente, dizemos sem amor que sim, que ele carrega com os nossos pecados: só nos pode convir que ele o faça! Eis porque Deus não exige aos pecadores o seu acordo acerca da Cruz; só aquele que ama é intimado a dizer sim ao que há de mais terrível, a morte do amado.»
Hans Urs von Balthasar, Só o Amor é digno de Fé
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