segunda-feira, 26 de maio de 2008

Cruzando pontes moldadas por Ti

Não sei bem quando os nossos olhares se cruzaram pela primeira vez. Seguramente foi num daqueles dias em que tudo era estranho, confuso, distante. Mas o tempo dá um sentido único a tudo aquilo que vivemos. E os laços cresceram, tornaram-se fortes e duradouros, atados por Alguém maior. É curioso que nenhum de nós é igual a outro, mesmo à primeira vista. Talvez seja por isso que permanecemos juntos. Completamo-nos. É certo, que de um modo estranho, mas cada um é para o outro a porta para aquilo que falta em si próprio, é um modo de viver, partilhando, aquilo que sem o outro não poderíamos perceber e sentir. Hoje, somos irmãos, no coração, por tudo o que já vivemos juntos, por tudo o que partilhámos e sonhamos para nós, mas, acima de tudo, somos irmãos em Cristo, pelo Seu ideal de vida, no qual tentamos permanecer.

Olho para trás e agradeço, em silêncio. Comove-me a Providência com que tudo foi pensado e conduzido para nos enriquecer, para nos ensinar e corrigir, para nos ajudar a crescer, uns com os outros, segundo o plano de Outro. Penso no amanhã e tenho medo. Vejo, agora, mais claramente que algo se aproxima, rapidamente. Não quero chamar-lhe fim. Não o será para mim porque não o desejo. Gostava, sinceramente, que este fosse o início, a porta para mais uma jornada, em que somos chamados a permanecer juntos de uma outra forma. Chega o momento de buscar outros rumos, de lutar por uma felicidade que apenas depende de nós, que nos pede esforço, dedicação e, também, autonomia. Chega o momento em que cada um deve procurar o projecto de vida a construir e agarrá-lo. E este chega quando tudo parecia indicar que precisavamos uns dos outros para continuar o caminho. Tenho medo. Medo da solidão, do silêncio das vossas vozes, da falta dos vossos abraços, do calor das vossas palavras, da ausência da vossa felicidade e alegria... Mas acredito que permaneceremos de outro modo, é certo. Sempre que vivermos os ideais que construímos juntos, sempre que abrirmos as mãos para dar de nós, um pouco dos outros fluirá nesse gesto. A cada passo, a cada escolha, a cada palavra surgirá o outro, de quem colhemos parte para nos tornarmos maiores. Renasceremos uns nos outros, sem mesmo darmos conta disso. Ainda assim, conto com a vossa presença, próxima, amiga, íntima, como apredemos juntos. As nossas estórias entraram na grande História de Deus. E a sua dimensão eterna deixarnos-á gravados no coração uns dos outros, e no Seu coração.

Confio-vos ao Senhor, nas escolhas e nos rumos que traçaram, com Ele, até à Felicidade. Deixem que seja Ele a escrever nos vossos corações, os caminhos a percorrer, os ideais a viver, os sonhos a concretizar. Espero que possam dar àqueles que passarem pelas vossas vidas um pouco daquilo que deixei em vocês. Guardo-vos com um amor que só Deus pode construir...

ps. Confesso que sou brusco nos julgamentos. E não, não quero destruir felicidades. Mas temo quando isso pode tornar as pessoas dependentes e incapazes de escutar os outros, na ânsia de falar de si. Tenho medo da ausência da tua alegria saudável... Amigos? Por mim, para sempre. Rezo por vós... :)

2 comentários:

  1. morri..tou a chorar! ADORO-TE ...juntos permaneceremos num eterno principio...um principio "para sempre" mesmo que o sempre nao exista!

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  2. É mesmo o culminar de uma etapa tão importante na vida de cada um! O sofrer por antecipação por causa da (mais que provável) ausência de quem connosco cresceu nestes ultimos anos! Mas é a vida de todos e desde logo ver o traço de Deus no desenho da nossa vida tornará mais facil o caminho! Abraço

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